sábado, 31 de outubro de 2009

Índios contra ecologistas na Austrália

Ambientalistas forçam a ampliação de reservas indígenas no país dos cangurus. Os indígenas reagem a essa pretensão e fazem manifestações contra seu confinamento em reservas

No processo que redundou na expulsão dos brancos e negros da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, pôde-se constatar que grande número de índios — ao que tudo indica, a maioria — opôs-se a essa defenestração de brasileiros, impedidos de permanecer naquela parte do território pátrio.

Alegavam esses silvícolas, entre outras coisas, que não desejavam permanecer confinados em uma extensão de terra demarcada, sem contacto com os demais brasileiros, só para servir aos pendores ideológico-esquerdistas de organismos como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão da CNBB, e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), entidade do governo federal. O CIMI, diga-se de passagem, parece ter riscado do Evangelho o mandado de Nosso Senhor: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi” (Mt 28,19-20).

Parte mais fraca nessa disputa contra forças muito poderosas (os ambientalistas estão organizados em escala universal!), tais índios foram derrotados.

Aborígines australianos recusam ajuda social perpétua

Mapa das tribos indígenas na Austrália
Na Austrália, um fenômeno semelhante está ocorrendo. Enquanto os ambientalistas de lá querem a todo preço reservar extensas áreas para demarcação, os índios opõem-se, legitimamente receosos de ficarem confinados num território de atraso.

Vale a pena conhecer parte da notícia publicada no conceituado diário italiano “Corriere della Sera” de 7-8-09:

“Na Península do Cabo York, no norte incontaminado da Austrália, as populações indígenas dizem ‘Não’ às reservas protegidas para tutelar sua emancipação.

“Nos 14 milhões de hectares de florestas, savanas e manguezais no estado de Queensland, uma lei de 2005 — o Wild Rivers Act — limitou todas as atividades industriais e agrícolas nas proximidades de alguns cursos de água específicos: apenas três, até abril deste ano. Mas agora os ambientalistas australianos da organização ‘Wilderness Society’ querem transformar em áreas protegidas as bacias de outros dez rios.

“‘Se isso acontecer, o desenvolvimento ficará impedido em 80% das terras’ –– protestam os aborígines de Cabo York, uma comunidade de cerca de 8 mil pessoas, a maioria da população local. Sob ataque também está o governo trabalhista de Queensland, acusado de apoiar o plano ecologista para agradar os verdes australianos.

“Alguns dias atrás, os aborígines interromperam um evento dos ecologistas, por meio de piquetes em que se fantasiaram de coalas” [animal da região].

Para o advogado Noel Pearson, “que desde os anos 90 defende os nativos, ‘se dez rios ficarem protegidos, desaparecerão também os cultivos necessários ao sustento dos índios. Querem condená-los a uma ajuda social perpétua’.

“Fabietto Ugo, professor de Antropologia Cultural na Bicocca, em Milão, diz que ‘muitas vezes não se levam em conta as aspirações dos povos indígenas a um novo padrão de vida, inspirado no modelo de tipo capitalista dos antigos colonizadores’”. E prossegue: “É um paradoxo da modernidade: aborígines vão à luta contra os ambientalistas, que nos anos 70 eram tidos aos olhos do mundo como os grupos mais ativos em apoiar sua causa”.

fonte:http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/FB6DFF28-3048-313C-2EFB9CB1F8E7717C/mes/Outubro2009

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